Torcedor chama árbitro de “macaco”, o caso vai parar na delegacia no jogo entre Parnahyba e Imperatriz.

A partida entre Parnahyba e Imperatriz, pela estreia das equipes na Série D do Campeonato Brasileiro de 2025, precisou ser paralisada após o árbitro assistente 1 do jogo, Raimundo David dos Reis Alves, alegar ter sofrido injúria racial por parte de um torcedor que estava na arquibancada destinada à torcida do Parnahyba. O torcedor foi identificado pelo profissional e preso pela polícia militar, em Parnaíba, local onde a partida foi realizada.

O caso ocorreu aos 23 minutos do segundo tempo. Bismarck, do Parnahyba, ia cobrar o escanteio, quando o árbitro assistente pediu para que a cobrança não seguisse. A partir disso, o profissional faz parte do quadro de árbitros da Federação de Futebol do Piauí (FFP), chamou o árbitro Alciney Santos De Araújo, do Rio Grande do Norte, para denunciar o fato.

Nas imagens, é possível ver Raimundo David ir ao alambrado e indicar para Daniel Araújo, delegado da partida e vice-presidente da FFP, quem era o torcedor. A identidade do torcedor não foi revelada. De acordo com Daniel Araújo, o torcedor foi preso e, após o término da partida, os árbitros iriam à uma delegacia na cidade de Parnaíba para prestar o boletim de ocorrência.

– Raimundo David relatou que foi chamado de “macaco”. Lamentável o acontecimento de hoje. A CBF e a Federação (do Piauí) sempre combatem o racismo. Não somente a CBF, a Federação, mas a grande imprensa, os torcedores de bem, os clubes abraçam essa causa. A gente não pode permitir que aconteça um fato como esse. Ele está identificado (o torcedor), detido pelo policiamento. Após o jogo, a arbitragem vai à delegacia mais próxima registrar esse boletim de ocorrência – comentou Daniel Araújo, delegado da partida e vice-presidente da FFP.

Condução da polícia no caso

Após o jogo, a reportagem do ge conseguiu contato Tenente Carvalho, da Força Tática de Parnaíba. De acordo com o policial, após ser chamada pelo árbitro, a equipe de policiais retirou o torcedor para que a partida recomeçasse – a arbitragem pediu isso para continuar o jogo.

O tenente ainda informou que do lado de fora, a “segunda parte” não compareceu – no caso, o Raimundo David, membro da equipe de arbitragem. Como a partida foi retomada e como não teve presença de uma segunda parte, o torcedor que cometeu a injúria racial, segundo Raimundo David, foi liberado pelos policiais – sem ser conduzido para delegacia de polícia.

Não foi o primeiro caso no estádio

No final do ano passado, em dezembro de 2024, Emílio, zagueiro do Parnahyba, acusou um torcedor do clube de lhe chamar de “urubu”. O fato ocorreu no mesmo local, no estádio Pedro Alelaf, em Parnaíba. Foi durante um amistoso de pré-temporada entre o Azulino e o Fluminense-PI, no litoral piauiense.

De acordo com o atleta, ele ouviu no segundo tempo da partida ofensas por parte de um torcedor – que estava nas arquibancadas do estádio e não foi identificado. O defensor confirmou que foi chamado de “urubu” pelo integrante da torcida do Tubarão.

Saiba o que significa injúria racial

Injúria racial é um crime previsto no artigo 140, § 3º, do Código Penal Brasileiro, que consiste em ofender a honra de uma pessoa específica utilizando elementos referentes à sua raça, cor, etnia, religião ou origem.

A pena é de reclusão de 1 a 3 anos além de multa. Se cometida em meio público, como foi o caso em Parnaíba, a pena pode aumentar. Em 2023, o Supremo Tribunal Federal decidiu que a injúria racial também se tornou imprescritível, assim como o racismo, ou seja, a vítima pode denunciar a qualquer tempo.

Fonte: GE/PI

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Pádua Marques

Jornalista, cronista, contista, romancista e ecologista.

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